Pré-Alzheimer? O que preciso saber?

Muitas pessoas com mais de 50 anos de idade podem notar alguma dificuldade de memória. Uns pensam “Será Alzheimer? Mas tão jovem assim?!”. Outros ponderam: “Deve ser apenas estresse e cansaço…” – os quais, de fato, levam a problemas cognitivos.

Mas se a queixa for duradoura ou intensa, vale a pena uma avaliação médica a fim de se investigar a possibilidade de um problema chamado Comprometimento Cognitivo Leve (CCL).

Esta condição médica recebe cada vez mais atenção, pois atinge até 20% das pessoas com mais de 65 anos.
Trata-se de um déficit de memória, mas que também pode afetar outras áreas da cognição (habilidades verbais, concentração, cálculo etc.); no entanto, não chega a comprometer o dia-a-dia de modo significativo, como acontece no Alzheimer. A pessoa percebe que está diferente do habitual, mas é capaz de manter as suas atividades habituais.

Não tão leve assim…

O problema é que cerca de 10-15% dos casos podem evoluir para o Alzheimer a cada ano. Por outro lado, não é tão correto chamá-lo de “pré-Alzheimer” porque há outras causas possíveis: dependendo da pessoa, pode haver motivos inflamatórios, hormonais, degenerativos, infecciosos ou vasculares. Inclusive alguns medicamentos podem gerar uns sintomas sugestivos de CCL.

Ou seja, em alguns casos, ele pode ser um estágio de transição entre a cognição normal e um quadro demencial franco; mas em outras vezes, pode se tratar de uma causa completamente distinta.

Por isso, além de um exame médico minucioso, o neurologista deve avaliar a necessidade de completar a investigação com exames de sangue, ressonância magnética do cérebro, avaliação neuropsicológica ou outros instrumentos.

Se for bem analisado e dependendo da sua origem, o CCL pode ser atenuado ou mesmo revertido. Por exemplo, mesmo a depressão pode simular sintomas cognitivos semelhantes; e pode ser facilmente tratada com um período de antidepressivos ou psicoterapia.

A boa notícia

Uma vez identificada esta condição, podem ser instituídas uma série de medidas para evitar a sua progressão.
Muitas delas incluem os mesmos itens que combatem o infarto do coração (cuidados com alimentação, atividade física e até com a qualidade do sono).

Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor; afinal, mesmo que se trate de uma doença degenerativa, muitas pesquisas mostram que esta fase inicial é precisamente o “momento de ouro” para se atuar, quando muita coisa ainda pode ser feita!

Então, se há dúvidas, procure um neurologista de confiança, pergunte se há a real necessidade de usar algum remédio e peça orientações sobre mudanças de hábitos e possíveis atividades intelectuais que estimulem o bom funcionamento do cérebro.